domingo, 9 de novembro de 2008

A saga da guitarra e dos pneus furados - Parte II

Dia a dia a história se repete. O despertar otimista e cheio de planos vai se convertendo, com o passar das horas, na frustração pela falta de controle sobre situações imprevistas e quase sempre indesejadas.

Rodava há dois dias com o pneu furado no porta-malas do carro. Se as circunstâncias não me permitiram buscar um borracheiro, tampouco me haviam permitido encomendar a guitarra nova.

Mas aquela quinta-feira seria diferente. Sem excesso de trabalho e com a partida de squash atrasada para as últimas horas da noite, teria tempo suficiente para resolver todos os assuntos pendentes.

Retirei o carro da garagem e comecei a conduzi-lo à borracharia mais próxima. Foram suficientes cinqüenta ou sessenta metros para escutar o ruído estranho. Parei o carro e vi, horrorizado, outro pneu furado, do mesmo lado do primeiro, o companheiro daquele que estava no porta-malas.

Antes de seguir o caminho e terminar de destruir o pneu vazio, resolvi perguntar nas inúmeras (realmente inúmeras) oficinas de veículos da rua onde trabalho se alguma poderia resolver o meu problema. Por sorte, a que era especializada em pneus de caminhões, também consertava pneus de automóveis pequenos.

O borracheiro colocou o pneu na água e saíram umas bolhinhas de ar de um furo na lateral, da parte que nunca toca o chão, impossível de furar.

- Você costuma parar o carro na rua?

Afirmo positivamente com a cabeça.

- Pois preste atenção em onde você deixa o carro parado e evite parar por aí. Alguém furou o seu pneu.

Raciocinemos. Estamos em um país de primeiro mundo, sem delinqüência, sem más intenções, sem diferenças sociais, sem todos os clichês que levam carregados os países do terceiro mundo. Esse furo ao lado do pneu seguramente foi uma grande coincidência, devo ter encostado em uma calçada.

Enquanto essa idéia absurda vai desaparecendo da minha cabeça, o borracheiro coloca o segundo pneu furado na água. Dejà-vu. As mesmas bolhinhas de ar saem do mesmo furo lateral.

- Pois parece que você tem razão. Algum FDP furou dois dos meus pneus.

A excitação consumista daquele dia em que me apareceu o primeiro pneu furado já havia desaparecido. Comprar sem tesão não é o mesmo que comprar por comprar. Mas encomendei a guitarra assim mesmo, por auto-afirmação. Encomendei no dia seguinte, porque mais uma vez as horas daquele dia eu entreguei aos imprevistos.

3 comentários:

Luís disse...

Muita coincidência ...

Anand disse...

A gente quer ver o fim da história. Aí chegou sua guitarra, e você fez a cena do Tom Cruise com a guitarra (que Heide Klum refez recentemente para o Guitar Hero).

E terminou com três modelos no sofá. Fala aí? Muito melhor que o seu final.

Unknown disse...

Pãtz Gnomo,
Coisas que só a Europa pode te oferecer não? Hahahaha!
Cara... Pensa que vc vai ter um 339 novinha novinha numa das cores mais "chabi" que só vc mesmo poderia ter escolhid! E salvem as Gibson's! Hahahaha!